Passeava numa praça, distraído e descomprometido. Sabe aqueles passeios que damos para tentar preencher o ócio. Éh! Foi em meio a esse marasmo que a transformação aconteceu. Ela estava ali...linda, pura, graciosa, radiante. Ceguei-me diante de tantos atributos, só conseguia apurar duas coisas: uma imagem (a dela); uma informação (a quero). O receio, o medo e o desespero tomaram conta dos meus sentidos quando ela se preparava para sumir do meu alcance e da minha vida. Só então me dei conta de que ela estava acompanhando uma criança que brincava sobre duas rodinhas. Então a frustração quase dominou os meus sentidos...seria ela casada? Meio perplexo com minha dúvida virei toda a minha atenção para o detalhe em suas mãos delicadas e jovens, notando que não havia nenhuma aliança, e sim... esperança.
Ela sumiu ao dobrar a “esquina do destino”, isso mesmo, porque ali meu destino se definiria. Diante das circunstâncias, ou me curvaria ao fracasso de não ter tentado nada para fazer valer a minha existência, ou poderia me juntar aos vencedores, que mesmo diante da possibilidade de derrota, se vestem de coragem para encarar os desafios da vida.
Mas é somente isso o perfil de um vencedor? Não sei medir a intensidade da vitória, mas sei que para vencer é preciso estar disposto. E eu estava. Optei absoluto e determinado pelo caminho da vitória, seguindo “meu sonho” até a sua morada. Toquei a campainha torcendo para que ela quem viesse me atender e vibrei quando seu rostinho corado apareceu em meio aquela penumbra em sua garagem. Não lembro ao certo o que disse, mas sei que foi difícil convencê-la dos meus desatinos, que eram os responsáveis por tamanha estranheza, que acabava por justificar tão súbita coragem e destemor... Eu estava ali em busca de amor.
Naquela noite consegui depois de árdua luta e na insistência de quem persevera sempre, seu número telefônico. Liguei depois de uma semana e fiquei surpreso quando ela me interpelou: “- Pensei que você não fosse mais ligar.” Sim, meus caros. Ela esperara a semana inteira para sorrir meu riso, para compartilhar tantas ideias e ideais. Foram momentos impagáveis! Romantismo e cumplicidade jamais vistos por mim. Tudo tão recente e tão intenso. Foi inevitável! O sentimento mais nobre do mundo apareceu! E, no primeiro encontro, depois de duas semanas dessa jornada telefônica, começamos a namorar.
Mas, quem disse que o amor é livre de todo o mal? Amém!
Foram exatos 15 meses de paz, tranquilidade e todos os bons sentimentos que sempre cultivo dentro dos meus relacionamentos. Depois disso o mundo parecia conspirar pro nosso infortúnio, as pessoas ao nosso redor começaram a se incomodar com nossa felicidade. Muitos contribuíram para o nosso rompimento. Uma sequência de problemas, brigas e discursões atenuaram os conflitos... Era o fim que se anunciava e parecia inútil lutar contra tudo e todos. O amor é assim, parece ter seu ciclo de vida - Nasce, cresce, briga e morre!
Depois de um tempo a gente começa a entender por que sonhos viram pesadelos, por que amor vira mágoa (ódio), por que amizade vira inimizade, por que carinho virá desafeto. Simplesmente por que o ser humano é totalmente insaciável, e para manter as coisas serenas e estáveis é preciso ter um autocontrole sem precedentes. Nunca ficamos satisfeitos, sempre queremos mais, e cada vez mais, damos pouco de nós. O amor não acaba ele se desfaz pra se refazer em outra pessoa. O sentimento é único e direcionável, basta apontar pra alguém e serás capaz de se iludir a ponto dele transbordar no seu peito. Administrar isso? É outra história! Se vai valer a pena? Compete em maioria na sua escolha. Pondere para que não erre. Seja mais criterioso na hora de escolher sua outra metade. Fazendo isso não garantirá a eternidade, mas com certeza seu relacionamento com esse alguém será bem mais proveitoso e duradouro.
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